Desde a Antiguidade, pensadores e
filósofos vêm tentando classificar e entender as diferenças individuais. Há
milhares de anos, os chineses relacionaram as diversas personalidades a doze
animais e que cada ano pertencia a um bicho e que a personalidade era determinada
por esse animal. Nascia o horóscopo chinês.
Na Grécia Antiga, Hipócrates
constatou a existência de quatro humores relacionados à predominância de
secreções orgânicas no corpo humano: fleuma, sangue, bilís amarela ou bílis
negra. Essa teoria foi mais tarde aperfeiçoada pelo médico romano Galeno, que
definiu os tipos como fleumático, sanguíneo, colérico e melancólico,
respectivamente. Os fleumáticos são cordiais, gentis e querem agradar aos
outros. Os sanguíneos têm o dom da persuasão e da motivação. Entre os
coléricos, estão os mais competitivos e determinados. E os melancólicos prezam
a organização e a obediência. (BOOG; BOOG, 2004).
A classificação em quatro perfis
vem sendo adotada há mais de dois mil anos e serve de referência para modelos
atuais como os defendidos por Boog e Boog (2004) e pelos especialistas
internacionais em comportamento.
Por trás dessas abordagens está a
percepção de que os indivíduos têm motivações diferentes. E de que há uma
espécie de energia individual que move o ser humano. O psiquiatra suíço Carl G.
Jung se dedicou ao estudo dessas diferenças comportamentais e percebeu a
existência de quatro tipos psicológicos básicos: intuição, sensação, pensamento
e sentimento. As categorias propostas por Jung, nos anos 20, formam a base para
boa parte das tipificações que vieram depois dele, inclusive a que percebe as
pessoas respectivamente como: reis, guerreiros, magos e amantes.
O guerreiro, de acordo com Jung (Apud BOOG; BOOG, 2004), são voltados
ao curto prazo, são diretos e mais “secos” nos relacionamentos e se baseiam
muito na razão e lógica. Tem excitabilidade e energias altas. Isso significa
que os guerreiros são ótimos para realizar metas. São os “tocadores” e
“fazedores”, dentro desta característica os guerreiros têm a tendência ao
estresse, sendo workaholics.
Os guerreiros têm o foco no
presente, no “aqui e agora”, sendo tão voltados às suas tarefas, que tendem a
ter dificuldades maiores nos relacionamentos, percebendo que muita ênfase nos
relacionamentos é perda de tempo. São vistos, por isso, como excessivamente
diretos, secos e até grossos. São mobilizados pelos órgãos dos sentidos: gostam
das coisas materiais que possam tocar, pesar, avaliar, cheirar, medir. Tudo o
que não se encaixa nesses critérios sensoriais de perceber o mundo é visto por
eles com desconfiança.
O tipo rei é mais voltado ao longo prazo, tem excitabilidade alta e
energia baixa. Isso significa que são ótimos indicadores e empreendedores, mas
sua grande dificuldade é terminar o que começam. Os reis têm uma visão do tempo
mais a longo prazo, situando-se mais no futuro do que no presente. Adoram ser o
foco das atenções e gostam de pessoas ao seu lado, principalmente se elas
estiverem aplaudindo.
Para Jung (Apud BOOG; BOOG, 2004), o rei usa muito seu lado intuitivo, percebendo claramente o sistema como um todo, por isso o rei está sempre em busca de novidades, bastante irrequieto com o estado atual das coisas, quer sempre trazer modificações.
Os indivíduos do tipo mago são
perfeccionistas, meticulosos, organizados, persistentes, críticos,
disciplinados, sérios. Eles têm a energia Yin, se ajustam ao mundo, são mais
voltados ao curto prazo, são diretos e secos nos relacionamentos. O mago é o
oposto do rei: tem muita energia e baixa excitabilidade. Os magos são ótimos
para estruturar e organizar as coisas. São metódicos e tendem ao
perfeccionismo. Levam suas tarefas até o fim.
Sua visão é de curto prazo. São voltados a colocar ordem nas coisas. São
amáveis, mas formais, e relativamente secos nos relacionamentos. Tendem a se
isolar, curtindo mais seus momentos de análise que muitos contatos sociais ou
festas. Adoram estar certos e têm muito prazer em resolver problemas difíceis e
complexos. O mago, quando já se trabalhou em um processo de conscientização e
crescimento pessoal, torna-se um possuidor de sabedoria e poder de
discernimento, bom senso e clareza de pensamento.
Os indivíduos do tipo amante são cordiais, ponderados,
respeitadores, amáveis, harmonizadores, compreensivos e bons ouvintes.
Ajustam-se ao mundo, voltados ao longo prazo, são ótimos nos relacionamentos e
perfeitos para construir e manter equipes. Pouco metódicos, mas dão um enorme
foco às relações.
O desafio de compreender a
diversidade humana e aprender a conviver com ela está na ordem do dia das
organizações. Os gestores começaram a se dar conta de que trabalhar com equipes
mistas pode ser mais eficaz e produtivo do que unir pessoas de comportamento
semelhante. (BOOG; BOOG, 2004).
Referências:
BOOG, Gustavo; BOOG, Magdalena. Conviver em equipe: Construindo relacionamentos
sustentáveis. 2. ed. São Paulo: M. Books do Brasil, 2004.
Fonte: Texto extraído da monografia elaborada por Rosane Fontanella: Pós graduada em Secretariado Gestão de Pessoas e Processos pelo CESUSC/SINSESC, intitulada: Os tipos comportamentais dos executivos.
O artigo da mesma autora também
pode ser encontrado em: http://www.revistagestaoesecretariado.org.br/ojs-2.2.4/index.php/secretariado/article/view/56
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