Queridos e queridas profissionais da educação,
quero compartilhar com vocês alguns parágrafos extraídos das páginas 148-149,
do livro As Paixões do Ego: Complexidade, Política
e Solidariedade, escrito por Humberto Mariotti (Editora Palas Athenas, SP,
2000).
Decidi reler o livro, que havia lido em 2000, logo
depois de lançado, para ver se consigo ter uma compreensão mais ampliada a
respeito da “complexidade”, do “pensamento complexo” e do “pensamento sistêmico”,
bem como suas aplicações práticas.
Aliás, convido vocês também a se conectarem a
essas questões relevantes da atualidade. Até porque, como afirma Mariotti, as
mudanças que caracterizam a transição do moderno para o pós-moderno têm deixado
cada vez mais clara a necessidade de uma busca de novos valores.
“A questão é saber se é possível alcançar e manter
uma vida digna, num mundo em que a competição predatória e a exclusão social
surgem como determinantes cada vez mais destacadas.
[...] A escalada do desemprego é um desses
efeitos, e o estresse, a ansiedade e outros problemas daí decorrentes precisam
ser dimensionados e enfrentados. Para tanto, é necessário entender que não é
possível lidar com problemas de hoje com a mentalidade do Iluminismo.
O que se pede às pessoas, hoje em dia, é senso de
iniciativa, criatividade e capacidade de aprender continuamente. O que se exige
delas é incompatível com a acomodação, e com a ideia de que a mera obediência a
regras e normas é o bastante. É por isso que a capacitação técnica, a aplicação
e a disciplina, precisam ser complementadas pelas habilidades de inovação e
adaptação incessantes. É preciso sair da repetição como orientação única e aprender
a lidar também com a diferença.
[...]
A educação para a repetição e para a mensuração
foi mais ou menos útil durante longos anos, durante os quais o que se exigia
das pessoas era apenas a disciplina, o cumprimento de regras e um grau de
especialização o mais alto possível. Para atingir esses objetivos, tornou-se necessária
uma educação para as certezas, não para as dúvidas, e um adestramento para a
estabilidade, não para a mudança.
Mas agora percebemos que caímos em nossa própria
armadilha, e que as capacidades necessárias para sair dela não nos têm sido
proporcionadas pelo sistema educacional dominante. Este precisa sofrer mudança profundas. Mas a
sua própria hegemonia faz com que essas modificações sejam de difícil
implementação, pelo menos a curto e médio prazo. Além do mais, há todo um
contingente de pessoas já graduadas, em atividade e ocupando postos de poder,
que terão de se reciclar por outros meios – se forem convencidas a fazê-lo.
Daí a importância dos grupos, organizações e
instituições nesse esforço de aprender a aprender. Para operacionalizá-lo, é
importante a aquisição das seguintes competências: a) autoconhecimento; b)
respeito pela diversidade; c) capacidade de trabalhar eficazmente em equipe; d)
capacidade de trabalhar de forma segura e não agressiva ao meio ambiente; e e)
desenvolvimento de pensamento crítico, espírito comunitário, solidariedade e
cidadania.” (Fecha aspas).
Uma valiosa reflexão para vocês!
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